sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sobre Felicidade I

Mais difícil de ser identificada,
Posto que dor facilmente, se reconhece.
Essa danada custa a chegar.
Ela que de dor
Dói por saber que depois desaparece.

E quando encontrada,
Algo desperta, uma outra cor
Que nem peixe, anfíbio, réptil, ave ou mamífero
É capaz de enxergar
A não ser que seja um filho de Einstein.

Então sua grandeza deve ser reconhecida
Se não fosse por tanto sofrimento ela nunca,
Nunca teria sido valida.
E nesse orgasmo, pequeno momento
É tão fácil entender a relatividade do tempo.


Loren Borges

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre Dor

Quanta dor um ser-humano consegue suportar? Dores do peito, da carne, dores da alma.
Qual é o exato momento em que ela transcende? E o que acontece então?

Às vezes eu fico imaginando quanta dor, quanta dor um ser-humano pode agüentar. Quanta dor antes de paralisar. Quanta dor antes de desantenar. E quem consegue passar. Passar de fase, passar do pranto, passar do transcendido, passar do ponto.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Meu pai...

Eu sou a "petitita do pai", sigo ele pela casa com os dois indicadores para cima imitando-0: "petitita do papai!"
" Lá vem o pato, pato aqui pato acolá... O pato pateta (...)" Nunca me lembro, mas ele sabia e eu ia atrás.
"Criança feliz quebrou o nariz, foi para o o hospital tomar sonrisal (?) Se eu fosse o Pelé tomava café, seu fosse o... (?) mostrava o calção (?)"

"Lolita petitita"

"Pai tem um policial ali!"_ Ele sabia que eu tinha medo
"O papai é grande olha como o policial é pequenininho"

Esperando eles chegarem em casa... "Pai tem presente pra mim?"

Na roça, casa das minhas primas. Meu pai vai me ver e leva pipoca e doce pra gente, coloca no armário bem lá em cima onde a mão dele alcançava... Foi difícil a gente conseguir comer...

Pros meus tios: "Dalmão"
Pros amigos: "Girafa"
Pra minha avó: "Meu filho"

Pra mim... "Pai"

"Trinta e três, fala trinta e três"_ Meu pai com o ouvido em minhas costas
"Trinta e três" _ Eu repito. "Agora você"
Voz bem grossa: "Triiiiiinta e três!"

Tempos recentes...
Meu pai bêbado, eu chorando por causa da briga com o (ex) namorado. Meu pai deita na minha cama, eu queria que ele saísse. Eu em prantos... Mesmo bêbado, fico feliz que ele tenha ficado: "Iiiiiih minha filha isso passa... Você é uma menina tão bonita"_ ele fala com bafo de cerveja e entonação bêbada. Começa a me acariciar e eu chorando querendo que ele saísse. "Óoh num fica assim não" _Começa a cantar a música que eu vivia ouvindo quando criança (em inglês, mesmo sem saber inglês) "Na na na na na na na la la la... cha lalalalalala mmm rocking roll lalaby..."
"Pai me deixa"
"Óh, vou sair, mas você precisa ficar bem! Sorrir... Você é nova..."

E eu fico na minha cama

Cha la la la la la la la la la
It'll be allright...

Eu sei pai, vai ficar tudo bem.
Mas eu sinto tanto a sua falta
O cheiro de café quando acordo...

Mas o trem veio né, surgiu de trás das montanhas azuis veio o trem...

Te amo pra sempre.



"(...) Com as cacetadas destes anos todos
eu fiquei mais velho que meu velho pai (...)"


Loren Borges

Aos 6

Acho que eu como devagar porque quando eu era pequenininha gostava de aproveitar cada pedacinho do doce... Geralmente eu tinha que dividir com a minha irmã, ela comia rápido e ainda queria o meu.
E hoje eu como lerda, lerda...

Uma vez eu fui ao sítio de alguém, acho que do meu tio, na volta eu estava na traseira da Pampa com a minha prima e melhor amiga na época, eu lembro de ter falado pra ela que aquele tinha sido o melhor dia da minha vida. Eu devia ter seis anos; não sei se ela contestou ou eu já imaginei o que ela contestaria: "Mas você ainda vai viver muito". Seja lá o que for, pelo menos nessa eu estava certa. Não lembro como foi esse dia, mas com certeza foi um dos melhores dias da minha vida.


Loren Borges