quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu e os outros, continuo eu

Quero a recompensa II

Por mais que eu saiba que o que eu vejo lá no céu
são só compostos químicos e poeiras a vagar,
meus olhos podem até se encher de lágrimas.
Eu sempre irei me vislumbrar.
Diante de um abismo tudo fica mais confuso,
não se vêem barreiras para o absurdo
e pelos olhares serem certos e obtusos
são instituídos brasões em todos os escudos.



Ninguém quer morrer para ser escutado
e nem viver uma vida inteira enterrado
em peles que nunca conseguem
chegar perto daquilo que todos tem passado.
Quando nós envelhecermos e na escala voltarmos ao dó
talvez mostremos o mínimo da dor,
que escondemos com todas as nossas forças,
dor que pode ser o que temos de melhor.


Numa lei de causa e efeito,
as mazelas de outros são a nossa promoção.
A anestesia precisa mesmo ser forte.
O peso da culpa nem abala o suporte.
A cede de justiça não consegue mudar a ciência
e nossa lei é a da ação e não reação.
Com os olhos apontados pro chão
e a ignorância para o Norte.


Então corremos contra o tempo
pois nesse mundo não há descanso.
Sempre levando porrada da vida,
mas sempre com um olhar manso.
Cativos com fome de mudanças,
se dispõem a dividir um mesmo sonho
de enriquecerem-se com a luta.
Sonhos de crianças.




2009
Loren Borges


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Quero a recompensa I


Por mais que eu saiba que o que eu vejo lá no céu
são só compostos químicos e poeiras a vagar,
meus olhos podem até se encher de lágrimas.
Eu sempre irei me vislumbrar.
Diante de um abismo tudo fica mais confuso,
não se vêem barreiras para o absurdo
e pelos olhares serem certos e obtusos
são instituídos brasões em todos os escudos.
Ninguém quer morrer para ser escutado
e nem viver uma vida inteira enterrado
em peles que nunca conseguem
chegar perto daquilo que todos tem passado.
Quando nós envelhecermos e na escala voltarmos ao dó
talvez mostremos o mínimo da dor,
que escondemos com todas as nossas forças,
dor que pode ser o que temos de melhor.
Numa lei de causa e efeito,
as mazelas de outros são a nossa promoção.
A anestesia precisa mesmo ser forte.
O peso da culpa nem abala o suporte.
Muitas vezes pode parecer malevolência
Mas é preciso aprender com as próprias mãos
À conseguir vencer o medo de todos.

Então é melhor correr...
Não foi só em você
Que o mundo não parou para te deixar descansar
Que quis fumar sua razão
Devolver para o Ar
Escapelar sua alma, separar do seu corpo
Com unhas metálicas
Te transformar em um porco
Numa máquina triste
Te deram uma inteligência artificial
Não importam se você existe
E é por isso que você sempre passa mal.
Por mais que eu saiba que deus não está lá
Ainda sim eu rezo
Não sei por que peço, nem sei o que quero
Não sei por que eu espero.
Se me derem uma brecha pra respirar
Eu me desespero
Eu caio, eu berro.
Só assim sei que eu não sou ninguém.
Às vezes tenho a certeza de que tudo na Terra
Faz parte de um único ser
Um Ser que nunca se encontra
Um Ser que nunca se gera.
Queria que todos fossem felizes durante toda a vida
Só assim a Felicidade seria verdadeira
Mas se isso não é possível
Que pelo menos aja uma felicidade derradeira.
Por mais que eu acredite que foi por acaso
Sempre vou colocar mil missões à cumprir.
Vou tentar seguir a idéia do plano que não existe.
Vou querer poderes pra me suprir.
Enfim, serei igual a todos
Quero ser forte para destruir o tirano.
Vou dizer que não preciso de ninguém,
Vou chorar no colo de quem amo.


Loren Borges
2005

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